Ação voluntária: Pequenos gestos, grandes feitos
Escrito por: Elaine Nunes, Alisson Guedes, Raquel Gomes, Uitamara dos Santos, Aurélio, Jéssica Albuquerque, Lariane Santos & José Alves de Siqueira Filho.
Publicado em: 04/09/2016
O Enceramento da 12ª Festa do Tamarindo, festa tradicional que acontece na comunidade de Caboclo, em Afrânio – PE. Nome do festejo homenageia as árvores mais emblemáticas, cujos indivíduos ter quase 200 anos de vida tornando-as parte da história e vida da comunidade. Os velhos tamarineiros se destacam pela beleza e opulência, dando à vila um cenário encantador e único, além da benevolência da oferta dos tamarindos apreciados por todos.
Curiosamente, 28 de agosto é o Dia Nacional do Voluntariado, os festejos foram marcado por ações voluntárias desenvolvidas por estagiários do Centro de Referência de Áreas Degradadas (CRAD) e discentes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sob orientação dos professores José Alves de Siqueira Filho, coordenador do CRAD/UNIVASF, do colegiado de Ciências Biológicas e Maria Jaciane de Almeida Campelo do colegiado de Engenharia Agronômica.
As ações foram realizadas no pátio do Museu Pai Chico, cartão de visitas do Caboclo. O museu abriga importante e inestimável riqueza cultural e regional, composta por completo acervo onde são preservados elementos históricos de Caboclo, promove rica narrativa da vida do fundador do povoado o Pai Chico e de toda sua linhagem, explicando através das exposições e objetos todo o contexto histórico vivido na região que se entrelaçam ao enredo histórico de outros municípios, como é o caso de Petrolina-PE.
Com o objetivo de promover a adequação ambiental e paisagística do Museu Pai Chico, com elementos típicos da Caatinga, foi realizado o plantio de mudas de Licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.), formando uma alameda de palmeiras integrada e harmônica com o Museu. O licuri é uma espécie nativa da Caatinga bem adaptada às regiões secas e semiáridas, possuindo potencial ornamental além de abrigo e fonte de alimento para a fauna nativa da Caatinga.
A concepção do jardim didático da Caatinga partiu da valorização dos elementos locais com a harmonização da ciência, arte e reciclagem. Foram montados fragmentos de telhas ao redor das mudas, formando um charmoso piso do tipo quebra-cabeça que além da composição artística, os fragmentos de telhas retém umidade, ameniza a temperatura e exposição direta ao sol.
A região de Caboclo é considerada uma importante área prioritária para conservação da Caatinga, por conta da notável biodiversidade formada por um ambiente de Caatinga arbórea com a expressa riqueza florística, com a presença de espécies endêmicas: Faveleira (Cnidoscolus quercifolius Pohl), Macambira (Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult.f.), Caatingueira (Poincianella microphylla (Mart. ex G.Don) L.P.Queiroz), Caroá (Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez) e Baba-de-soim (Erythroxylum pungens O.E.Schulz), além deespécies ameaçadas de extinção, como a Baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.) e Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão); além da endêmica e ameaçada de extinção, Pereiro-vermelho (Simira gardneriana M.R.V.Barbosa & Peixoto) e cascudo (Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.Grose). O Caboclo também se destaca pelo complexo de lagoas magnesianas, que promoveram elevado grau de preservação nos registros fósseis da megafauna encontrados nessas lagoas.
Ações que contribuam para a conservação da Caatinga são importantes para a manutenção de processos ecológicos. Neste cenário foi realizado o plantio de mudas de ingá (Inga vera Willd.) e oiticica (Licania rigida Benth.) nas margens da Lagoa Comprida, típicas de ambientes ripários, importantes para a restauração da mata ciliar funcional. A recuperação das margens de cursos d’água é vital para a manutenção dos rios e das lagoas, sendo estes também o principal meio de sobrevivência de muitas famílias que dependem dessas fontes de água. Assim, as ações de plantio contando com o apoio da comunidade representam valiosa contribuição e resgate da valorização das espécies nativas da Caatinga. Nesse intuito as ações voluntárias pelos alunos da UNIVASF, como a realizada em Caboclo, são doações singelas de trabalho, talento e amor que o que só futuramente serão compreendidos pela comunidade do Caboclo.
04/09/2016